Após cerca de 200 anos da Revolução Industrial, um novo conceito de processos produtivos baseado na tecnologia, dados e Internet começa a transformar novamente a maneira como produtos e serviços são desenvolvidos e comercializados.

A Indústria 4.0 não vai revolucionar apenas as máquinas, a tomada de decisões e o relacionamento com consumidores. A segurança alimentar também tem muito a ganhar com as novidades que já começam a ser implementadas nas fábricas. E, como toda melhoria, as exigências também estão aumentando e ganhando outra forma. Dessa maneira, é preciso se adaptar e ficar atento ao que a Indústria 4.0 pode acrescentar nesse sentido.

Fernando Teixeira, chefe adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, destaca 2 grandes benefícios gerados pela Indústria 4.0 para o segmento de segurança alimentar.

O primeiro deles está relacionado ao controle de processos e operações. “Dentro da indústria de alimentos, é essencial o controle e padronização das operações para a segurança dos alimentos e, para tal, parâmetros como tempo, temperatura, umidade entre outros precisam ser corretamente monitorados”, destaca Teixeira.

Ao mesmo tempo, o processo de produção deve ser dinâmico e contínuo, fazendo com que seja necessário a coleta precisa de informações, bem como o fluxo de distribuição delas.

Apesar de muitas fábricas já trabalharem com um processo similar, a Indústria 4.0 vai levar a uma velocidade ainda maior para a coleta e análise de dados, bem como precisões muito mais apuradas.

“Estes aspectos fazem parte do processo de inteligência de uma indústria, a constante busca por eficiência, eficácia e também efetividade”, complementa o especialista.

A segunda grande vantagem está na resposta rápida, que permitirá a tomada de decisão em tempo real para garantir medidas eficazes de segurança alimentar.

“Um dos aspectos inerentes a indústria 4.0 é o timing em que as respostas podem ser obtidas. Desta forma, ações corretivas podem ser adotadas de imediato evitando-se que lotes sejam liberados, por exemplo, sem as devidas garantias”, explica Teixeira. Além disso, esse tipo de controle poderá ser aplicado também na cadeia de distribuição dos alimentos.

Dessa forma, o controle de temperatura adequado das mercadorias, por exemplo, poderá ser monitorado e adequado. Aumentando, assim, o tempo de vida dos produtos mesmo nos pontos de venda.

“Havendo melhor controle das operações, é possível padronizar e instala-se um forte aliado para o efetivo controle de qualidade dos produtos”, acrescenta. No entanto, ainda há muitos obstáculos a serem superados. “O conceito de 4.0 já tem sido bem trabalhado nas fazendas onde as soluções foram e tem sido amplamente testada.

Pelo lado da indústria de sensores, haverá o desafio em desenvolver dispositivos e sistemas baratos e que se sejam ajustáveis ou eficientes para funcionamento dentro de uma indústria de alimentos, onde é comum interferências como umidade, metal, vidros entre outros que podem comprometer a veracidade das leituras”, destaca Teixeira.

Além disso, há uma tendência cada vez maior em usar sensores em toda a cadeia produtiva, permitindo o controle e a transmissão de dados em tempo real.

Em resumo, a Indústria 4.0 permitirá controlar melhor o transporte de mercadorias, reduzir custos com atrasos na entrega e com produtos fora do padrão de qualidade e aumentar a agilidade de resposta perante a deterioração de mercadorias durante o transporte.